Sobredotação

De uma forma geral, podemos definir a sobredotação como um potencial ou capacidade muito superior, cujo desenvolvimento poderá materializar-se em níveis de competência excecional numa ou mais áreas de atividade humana.

Este potencial pode tornar-se evidente de diferentes formas, durante a infância, como podem ser exemplos uma rapidez de aprendizagem superior ou um vocabulário invulgar para a idade, mas também um desempenho distintivo na escola ou para além dela. Atualmente, as conceções de sobredotação vão muito para além das diferenças quantitativas, tradicionalmente associadas ao conceito de QI, para envolver fatores como o envolvimento, a motivação ou a criatividade. Para além disso, é dada uma maior ênfase aos fatores do contexto, isto é, às oportunidades e influências que resultam da integração num dado ambiente familiar, escolar e social.

A cultura é particularmente relevante, uma vez que o conceito de sobredotação reflete, em grande medida, os atributos que são valorizados numa determinada sociedade, num dado momento no tempo. Esta contingência torna o conceito de sobredotação particularmente fluído e difícil de apreender e definir de uma forma consensual. Acresce ainda que a sobredotação pode tomar várias formas. A manifestação do elevado potencial é uma expressão de identidade e depende em grande medida de características pessoais como os valores, interesses, temperamento ou paixões.

A complexidade que daqui resulta faz com que muitas crianças com elevado potencial passem despercebidas. São frequentes os casos em que o potencial não toma forma em realizações assinaláveis, nomeadamente no que respeita o sucesso académico, em função de dificuldades emocionais e motivacionais ou até pela concomitância com dificuldades específicas de aprendizagem. Nesse sentido, as crianças com características de sobredotação requerem respostas educativas especializadas, garantindo que lhes são removidos obstáculos à concretização das suas capacidades e dadas condições para a expressão dos seus talentos.